quinta-feira, 28 de março de 2019

Quimeras de um velho

Quero ir embora para o meu passado...
Quero ir embora para o meu passado para não ver arrombarem nossos cofres púbicos.
Quero ir embora para o meu passado para fugir dessa politicagem sórdida de hoje.
Não quero mais ver o circo dos togados com seus espetáculos sórdidos.
O meu passado está tão longe... Que saudade!!!
Quero poder reviver os sonhos e namoricos na Praça da República e sentar num dos bancos do nosso saudoso Liceu. Me mostrar aos colegas liceistas fazendo em duas rodas a entrada da rua em frente na picape Ford F100 1955...do meu velho!!!
Quero ter de volta meu primeiro fusca 1200.
Saudades do restaurado Ford 1936 de meu pai, surrupiado diversas vezes para eu dar um rolé pela Praia de Icaraí. 
E la se vão meio século mais três anos anos do primeiro beijo em d. Ana.
Que emoção ao dirigir pouco mais de cinco metros um camburão Ford preto e vermelho da Polícia na Rua Visconde de Itaboraí aos treze anos se idade...
E o nadar na rua da Praia, hoje Visconde do Rio Branco, até o enrocamento onde foi tudo aterrado?
Seria loucura querer me sentar no Bier Strand e tomar um ”xopis” gelado?
Quantas vezes assisti um bang-bang nas poltronas de madeira do Cinema Imperial, quando as pulgas deixavam... Ou o Hopalong Cassidy ou Zorro no Cinema Rio Branco nas sessões das 10 horas da matina. Ou comer uma empada no Tringuilim ao lado do Cinema São Bento.
O balaústre do bonde para praia de São Francisco via Estrada Fróes parece me esperar para um mergulho na tranqüilidade daquelas águas.
E as barcas de madeira Rio-Niterói lentas e rangendo??? Em 1959 assisti a revolta das Barcas quando a estação de Niterói foi queimada pelo povo.
E as viagens... Ir ao Paraguai/Argentina com Suru de fusca (talvez década de 60???) ou se embebedar com a maravilhosa arquitetura da Capital num opalão com alguns amigos ou bandear para uma dezena de países do velho continente mais de uma vez.
Andar nos trolley-bus com seus longos chifres nos dias de chuva que sempre nos davam um choquinho.
E a Lotação Ingá dos Magyrus Deutz refrigerados a ar indo para o Fonseca?
Como se fosse hoje meu passado me lembra das idas que meu pai me levava no Hotel Casino Icaray para ver os grandes salões com suas mesas verdes. E foi lá meu primeiro dia de lua de mel há mais de meio século atrás.
Sinto ainda a água fria após meu mergulho do segundo andar do trampolim da Praia de Icaraí pois tinha medo de pular do terceiro!!! 
Ah meu fusquinha branco chegando em terceiro lugar numa das muitas corridas que fiz no Autódromo do Rio. 
São muitas as mil lembranças que ainda povoam minha cuca já doente.
Volta pra mim meu passado... Estou com saudades!!! Volta logo...

Jorge Roberto Botelho - março 2019

2 comentários:

  1. saudosismo é o melhor remédio para aqueles que foram muito felizes e não sabiam, porque não poderiam prever os retrocessos de governos inconsequentes. Éramos moleques sim, malcriados jamais. Respeitavamos os mais velhos, professores e nossos pais. Lembranças que alcançam o primeiro ingênuo beijo aos seis anos correspondido por um tapa no rosto pela ousadia.

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